A peste chegou. Tem escola fechando no bairro vizinho, criança de máscara, gestos arredios. Os que ainda nos arriscamos a ir trabalhar, cumprimentamo-nos à distância. Nada de aperto de mão, abraço, dois beijinhos. Alarme ao menor sinal de nariz entupido. Maldizer a fragilidade da condição humana e a superpopulação planetária é o que cabe aos pobres diabos trancados em casa, sob murmúrios aflitos - "Vírus espírito de porco". Só nos resta uma coisa a fazer: vamos à rua, tomar vento na cara, correr pelas calçadas e alamedas, andar de mãos dadas, beijar desconhecidos, varar a noite no derradeiro porre, antes do de amanhã. A morte é o verdadeiro vírus, e ela está em toda esquina, no segundo seguinte, no próximo passo. Vamos sair hoje à noite, como se não houvesse amanhã. Na verdade não há.
*
E aproveitando a deixa, a música que me inspirou, do grupo Squirrel Nut Zippers (baixem o disco, é muito bom, jazz rememorado).
La Grippe
There's a flu bug getting passed around
Spreading like fire through this town
There's a virus holing up inside us
Each one that I know is coming down
There's an Asian influenza
Infecting us all by the scores
And it's turning into pneumonia
We must go out once more
There's a fool moon howling at the night
And each bark is much worse than each bite
So we must go out and dance around
Yes we must go tonight
So the doctors came on the evening train
With their flasks and their caskets and vials
Mass psychosis was their diagnosis (yes)
So we all cashed our checks and went wild
There's a fool moon howling at the night
And each bark is much worse than each bite
So we must go out and dance around
Yes we must go tonight
Até que enfim é sexta-feira
Há 12 anos
2 comentários:
Taí o Michael Jackson, que pouco depois do post veio reforçar a tese.
Que descanse em paz. Porque, em vida, não a teve.
O MJ morreu faz tempo, nos anos 80, depois de Thriller. O que sobrou era só o zumbi dele.
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