As opiniões aqui expressas são estritamente pessoais e não refletem a posição do governo ou de qualquer empresa.

terça-feira, 31 de março de 2009

Sentimentos 3

Vejam que bonito do Bob Marley. Não considerem sexista. Vale trocar o "she" por "he".

You may not be her first, her last, or her only. She loved before she may love again. But if she loves you now, what else matters? She’s not perfect - you aren’t either, and the two of you may never be perfect together but if she can make you laugh, cause you to think twice, and admit to being human and making mistakes, hold onto her and give her the most you can. She may not be thinking about you every second of the day, but she will give you a part of her that she knows you can break - her heart. So don’t hurt her, don’t change her, don’t analyze and don’t expect more than she can give. Smile when she makes you happy, let her know when she makes you mad, and miss her when she’s not there.

sábado, 28 de março de 2009

sentimentos 2


The Chestnut Tree, de Hyun Ming Lee (Vídeo visto originalmente em http://blog.hiro.art.br)

sentimentos

Angustia eh quando o Diabo enfia a mao no seu peito e fica apertando o seu coracao por alguns minutos. Olhando no seu olho. E voce nao sabe se ele vai solta-lo ou esmaga-lo de vez.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Dio, Come ti Amo

Agora sim, falemos de arte.

Um dia fiquei empolgado porque topei com o presidente de um país vizinho no trabalho. Comentei com meu ex-chefe, que retrucou: "os políticos já não me encantam. Emociono-me muito mais com os artistas".

O vídeo abaixo é exemplo de arte, da mais fina. Perfeito casamento entre filme e música. Assim como o espanhol, Peri, acho que qualquer língua pode ser bela, bastando haver arte no que se faz. Neste caso, é italiano (você fala italiano, afinal?).

Pequenas observações, conectadas com o que já se falou aqui:

- Noto, nos fimes antigos, que os casais não eram muito jovens. As moças lá pelos seus vinte-trinta e os rapazes-garanhões com certeza depois dos vinte e cinco, mas muitas vezes lá pelos quarenta ou mais. Com raras exceções - como um Sean Connery fazendo galã aos sessenta - aposenta-se o amor muito cedo hoje. Nos filmes atuais, o romance ocorre aos desesseis ou antes, como a Juno ou, no máximo, Brangelina. Mas não é o mesmo romance. Um amor maduro tem uma profundidade que não se alcança na juventude. O artista maduro também. Com exceção de um Mozart precoce, que foi exceção em tudo, a maturidade artística vem com a idade. Brahms que o diga. Para ouvir e sentir, tem que ter mais de 30.

- Final feliz. Porque a vida não tem final feliz? Por que fizeram algo estranho, que emenda começo com meio e reinício, interrupção e depois um fim quase sempre abrupto? Se Deus fosse artista, teria feito um "Fine" como este. Vai ver, Deus é parente do Kandinsky (que era artista também, mas que é difícil de entender).

- O amor ardente. Onde foi parar? Por que já não se vive mais romance assim? De cantar e de chorar? Será que vivemos um amor de supermercado, cortado pela novela das nove? Não temos tempo livre para simplesmente... sentir?

- O silêncio. Reparem na pausa dramática, no fim da música. O silêncio dolorido. Não faltam pausas dramáticas em nossas vidas?

- O que é a vida... tão linda a Gigiola Cinquetti neste vídeo. Como terá sido seu fim?

- Nostalgia. Nostalgia é saudade daquilo que não se viveu.

Por fim, deixaram um belo post no youtoube, justamente em espanhol: "respiro mejor el dolor, con el sonido del amor, aunque esté lejos".



Dio come ti amo!
Mi vien da piangere,
in tutta la mia vita
non ho provato mai
un bene così caro,
un bene così vero.

Deus como te amo!
Dá-me vontade de chorar,
em toda minha vida
não provei nunca
um bem assim tão caro,
um bem assim tão verdadeiro.

Deseo

Descobri — não sem algum atraso, reconheço — Fito Paez.

Nos anos 80/90, música argentina era encarada por aqui com certo deboche. “Argentina?!”. Ora, se há algo em que nos sentimos plenamente auto-suficientes (maldita reforma: autossuficientes?!?) é na música. Fito avançou um pouco por sobre o preconceito depois que os Paralamas o descobriram, tornaram-se parceiros e abriram algumas portas. Mas eu só lhes abri os ouvidos depois de ver uma série no Multishow chamada "Influências", sobre como os músicos latinos vêem os brasileiros, e vice-versa. Descobri o descompromisso-pop do argentino Kevin Johansen, o lirismo-moderninho do uruguaio oscarizado Jorge Drexler e... finalmente... Fito.

Hoje tenho 4 discos dele no meu MP3, e não canso de ouvir. É um roqueiro sincero, grandiloquente, de som volumoso, piano generoso e arranjos minuciosos, e a cereja do bolo são as letras: verborrágicas, longas, emotivas, cheias de referências, cantadas com a alma em melodias que descem redondo. O cara é um artista maiúsculo. Não restam muitos assim no pop do autossuficiente Brasil.

Toda esta falação pra chegar a outro ponto. Meu som no momento é Fito Paez. Argentino. Meu escritor preferido, cravo sem titubear: Julio Cortázar. Argentino. Cineasta? Ok, há alguns no meu Olimpo — mas Almodóvar é de uma excelência inabalável. Espanhol. Pintores? Não é muito minha praia, mas dois dos que mais me impressionam são Picasso e Dalí. De onde? Pois é.

Em resumo: concluí que algo en mi alma desea la fuerza hispânica. Por que teríamos de nos submeter à birra histórica lusa?

No privilégio que tive de rodar quase toda a Europa quando meus pais bancavam as viagens, nunca pisei na Espanha. Nas poucas voltas que dei pela América do Sul (em condições idem), a Argentina não entrou no roteiro.

Agora que as viagens são frutos de anos e anos de planejamento e poupança, dois destinos já tenho certos.

Enquanto não zarpo, convido: vamos falar de arte?

terça-feira, 24 de março de 2009

Liberta-me!

Sabe quando você gostaria de ser outra pessoa?

Queria ser outro para fazer aquelas coisas que eu faria se não fosse eu.

Seria eu mesmo fazendo, mas seria outro.

Imagino um eu estar numa praia em Miami, bronzeado, surfando, bebendo, festando.
Um outro eu poderia estar lendo Pa-larvas, com todo o tempo, admiração e prazer.
Um eu mais novo poderia estar começando a namorar agora, dando o primeiro beijo, deixando a primeira namorada, indo para a primeira viagem.
Um eu mais velho tocaria violino em uma orquestra.
Um incerto eu mais inescrupuloso poderia estar saindo com aquela puta das pernas lindas, minissaia e cabelo falso, puro tesão.
Mas um eu talvez estivesse caminhando agora à noite, sentindo a brisa, o cheiro do mato, sentindo o chão de terra nos pés descalços.

O fato é que eu, não um eu outro, estou aqui, preso no meu id.


*id: substantivo masculino
Rubrica: psicanálise.
sistema básico da personalidade, que possui um conteúdo inconsciente, por um lado hereditário e inato e, por outro, recalcado e adquirido, de acordo com a segunda teoria freudiana do aparelho psíquico

segunda-feira, 23 de março de 2009

confissão

Ok, esta é a minha situação: tô deprimida ansiosa dda gastritica sofrendo assustada com medo improdutiva angustiada. Assim mesmo, sem vírgulas. E por isso os espaços. Os vazios contam.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Zoon e nóóz

Parabéns, Zoon! Seu aniversário é daquelas datas marcadas a tinta indelével no calendário mental. As vantagens das amizades de longa data. Gosto deste seu codinome, o Z que rola por sobre os dois OO para cair deitado em N. Não sei se foi consciente, mas é quase um anagrama do seu nome artístico nos áureos tempos de rock n’ roll, lembra? Troque o Z pelo R pra ver.

É bom contar com pessoas com as quais se pode ter um papo totalmente incompreensível para os não-iniciados. Algumas coisas só fazem sentido cá entre nós. E que bom que ainda existe este cá, D-A-Tório repaginado em molde tecnológico. E com a notável substituição de Dan por Bila — seres que (repare bem) têm lá suas semelhanças.

Por tudo isso, parabéns. Se tudo correr bem, contamos ainda com umas boas quatro ou cinco décadas para nossos prazerosos duelos mentais em torno da insustentável realidade. Até lá, haveremos de, juntos, desmontá-la até o último parafuso.

O amor: um tapete preto no meio da sala

Ela acordou e, como sempre, se voltou para o lado esquerdo para abraçar o corpo magricelo do marido. Ainda meio sonolenta, passou o braço em volta da cintura dele e sentiu pelos. Sim, pelos. Abriu os olhos com preguiça e certeza de que tinha uma explicação para ter tido esta sensação - o gato, talvez, tivesse aberto a porta e subido na cama. Com as palpebras no meio dos olhos visualizou o que mais tarde ela chamaria, contando para sua irmã, de "aquele tapete preto de chenile". Arregalou os olhos. O braço do marido estava coberto de pelos. Pelos que nao estavam ali antes. Mas muitos pelos, nao se via a pele.
Pensou por dois segundos onde estaria errando. Pois claro, não podia haver pelos ali, ainda mais naquela quantidade. Seu marido sempre fora imberbe. Nao conseguiu pensar em nada. Quis virar o corpo todo do marido para o seu lado para acorda-lo e perguntar o que era aquilo ou pior: para confirmar alguma surpresa maior ainda do que o novo braço peludo dele. Mas estava com um pouco de nojo e medo de tocar nele.
Curiosamente, neste instante, ele se virou pra ela, ainda dormindo. E este foi provavelmente o momento mais estranho que aconteceu na história da humanidade, mas que infelizmente ficou guardado entre ela e sua irmã. No máximo com uma amiga da irmã (que não resistiu e contou). O marido tinha pelos pelo corpo todo. Bem, esta explicação está ruim. Ele não tinha pelos apenas, ele tinha pelos longos, grossos, pretos pelo corpo todo. Mais pelos que um macaco. Aliás, ele se parecia muito com um macaco, um pouco mais feio porque lhe faltavam os olhos doces que todo símio tem.
Ela não se conteve. Soltou um grito silencioso. Aquele suspiro com a respiração presa depois, como um grito pra dentro. E ficou paralisada, olhando pra cara dele.
Ele, o Arnaldo, aquele homem por quem ela se apaixonou desde o primeiro encontro. Aquele homem barbeado, e bem barbeado. Rosto liso, lindo. Advogado, na verdade promotor público, tão promissor, o melhor genro dos seus pais (todos sabiam veladamente que o Arnaldo era o genro favorito). O homem pra quem ela se entregou completamente, se dedicou, fez striptease pra esse homem. Esse não, aquele.
O Arnaldo, que seria o futuro pai dos seus filhos, tinha virado uma espécie de bicho. De bicho não, uma espécie de monstro, um pequeno king kong, uma bizarrice como a mulher barbada do circo. Assim que pensou na mulher barbada do circo foi correndo para o espelho. Ufa! Estava normal. Que alívio. Seu único problema agora seria se livrar do Arnaldo Kong. Sim, e se livrar é uma palavra forte demais mas ela não tinha outra opção. Ela não ia viver com aquilo, mostrar pras amigas, sair com ele ou qualquer coisa do gênero. Na verdade, ela queria muito que ele desaparecesse. Ela preferia dizer que tinha sido abandonada a se mostrar ao lado dele.
Quem sabe o zoológico aceitasse o Arnaldo? Ela podia dizer que ele era um espécime único de chimpanze. Melhor! O Elo perdido! Um descendente do Elo perdido! Ou o elo perdido tinha sido o ultimo dele? Será que acreditariam? Mesmo assim ela teria que leva-lo de carro até o zoológico. Descer no elevador, encontrar vizinhos... e a câmera do elevador? Não, de jeito nenhum. Ir a um circo daria na mesma.
Ficou imaginando se ele ainda sabia falar. Ok, o Arnaldo nunca foi bom de comunicação, mas não saber a língua é diferente. Se ele ainda pudesse falar isso iria acabar com os planos dela de vender ele pro zoológico. Vender, claro, pois a essa altura ela já tinha se dado conta da raridade que tinha nas mãos. Se ele ainda soubesse falar ninguém acreditaria em homem-macaco, elo perdido, espécime raro ou nada disso. Fariam uma depilação a laser nele e pronto. Como se isso pudesse trazer seu Arnaldo de volta. Nunca mais teria seu Arnaldo de volta. Agora era dar a volta por cima e tirar proveito da situação, como sua avó lhe ensinou desde pequena.
E ele não acordava para resolver o mistério da fala. Continuou esperando. Não exatamente esperando, mais pensando do que esperando. Desejava intimamente que ele não acordasse mais. Daí, ela até poderia mesmo fazer um tapete preto pra sala. Um tapete pra sala... um tapete novo e preto pra sala. Nao seria de chenile, mas seria de Arnaldo. Até combinaria com seus móveis. Ela não precisaria tirar o corpo do apartamento. E ainda ficaria com uma parte do Arnaldo ou um pedaço dele pra si, pra sempre, ali. Os detalhes da transformação do Arnaldo em tapete são desnecessários. Podem parecer bizarros, mórbidos, apesar de tudo ter sido feito com muita delicadeza e amor. 5 dias ela ficou dentro do apartamento neste trabalho. Se dedicando ao Arnaldo. Fez o melhor que pode. E fez o melhor por ele. Ele ficaria feliz se visse o resultado. E até hoje, o Arnaldo está ali, enfeitando sua sala, combinando com seus móveis. De vez em quando, secretamente, quando as crianças estao dormindo e o marido vendo futebol, ela alisa o tapete preto.
E suspira.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Twitter: estar ou não estar

Por que vocês não estão no twitter? Ou estão e não os encontrei? Pode parecer bobo, mas tudo depende de como se usa e com quem se fala. Eu gostaria de falar com voces por lá também. Vamos?

quarta-feira, 18 de março de 2009

E agora, uma gastrite. Pra completar.
Já não bastava todo o resto.

É foda, viu? Passei a tarde em pronto-socorro.

E vocês?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Para descontrair

Não aguento mais ser rechaçado...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Meus caros amigos

Nossa! Quanta coisa acontecendo por aqui e eu de fora! De fora nao, na verdade de dentro. Dentro do meu Rivotril (entre outras caixinhas tarja preta).

Mas gostei de entrar aqui e ver que voces continuam e... sentem minha falta! (Zoon disse: cade nossa amiga?).

Nao estou me sentindo a altura de argumentar com voces com dados historicos e estatisticas. Politica nao eh meu ponto forte e nunca foi. Talvez o melhor que eu possa fazer seja contar minhas experiencias com o Brasil, com Brasilia e com Sao Paulo (infelizmente ainda nao fui morar no Rio de Janeiro, mas pretendo).

Sendo filha de maranhense e mineiro, filha de costureira com funcionario publico estadual e com mais duas irmas, nunca pudemos viajar de ferias de aviao (quando fiz minha primeira viagem de aviao voces ja me conheciam). Isso me deu de presente conhecer boa parte do interior do pais, que alias, pra mim eh a melhor parte deste pais (nao julguem aqui preconceito, pelo menos nao ainda).

E eh a melhor parte para mim porque la estao as pessoas preocupadas em viver. Ou melhor, as pessoas nao estao preocupadas em viver, estao vivendo. Ha muitas pessoas que tem pouco, muito pouco (estou falando do Maranhao, Para, Tocantins, Minas e do proprio Goias) e sao FELIZES. Pois eh, felizes. Parentes meus inclusive. Obviamente nao estou falando de uma situacao de miseria e fome. Mas estou falando de pessoas que comem carne uma vez por semana, que falta o remedio da pressao alta no fim do mes, coca-cola so em dia de festa e todos os irmaos dormem juntos no mesmo quarto porque a casa eh pequena demais. Pessoas que nao tem acesso a cinema, carnaval ou futebol (porque essas coisas nao chegam ate elas a nao ser pela TV - que essa todo mundo tem). E se eu comparo a minha vida - tenho um bom salario, trabalho mais que uma mula (nenhum preconceito contra as mulas), tenho acesso a livros, cinemas, carnaval (ano que vem estarei na Mangueira, meninos, me vejam na Globo!) e contribuo para o crescimento do pais - pelo menos acho absurdo o valor que pago de imposto direta e indiretamente, pois bem, quando comparo minha vida com a dessas pessoas nao sinto nenhum orgulho. Pelo contrario, minha sensacao eh de "putaqueopariu o que eu to fazendo com meus 60 ou 70 anos de vida?"

E sabem por que penso isso? Porque nao faz diferenca, Zoon. Se matar de trabalhar ou nao se matar de trabalhar neste pais parece fazer diferenca apenas para os empresarios e para os politicos que estao todos de complo. Se eu ganho 10.000 por mes estimo que faturo pelo menos 300.000 pra empresa que trabalho. Desses 300.000, vao la uns 200.000 pro governo. E a gente nao ve esse dinheiro voltar pra sociedade!

Entao, queria resumir com alguns pensamentos mesquinhos e pobres meus:

1) Este desenvolvimento conitnuo da Alemanha e Japao acontece por esforco mutuo de sociedade + governo. Porque mesmo que todo mundo produza muito, as pesquisas, as rodovias, as ferrovias, a educacao e a saude tem que ser propiciadas pelo Estado. O fomento ao emprego tem que ser propiciado pelo estado. Ou seja, existe um ciclo ai. Mas quem tem condicoes de botar essa roda pra girar, eh o governo. Pois por mais que a gente se mate de trabalhar, quem decide onde investir nossa contribuicao eh o governo. Mas nossos governos nao tem feito isso muito bem.

2) Outra coisa, existe um problema de proporcao ai. As pessoas nao so tem que ter lazer, como MERECEM lazer. Com todas as merdas que o governo faz, tirar 4 dias pro carnaval e alguns fins de semana pro futebol (FINS DE SEMANA), quer saber? Acho pouco. Acho muito pouco pro que a gente tem em troca. E acharia pouco mesmo que a gente tivesse bem mais em troca. Tenho muitas duvidas (talvez eu pareca bem estupida agora) se a gente precisa desse desenvolvimento todo.

3) Todos merecem lazer. Americanos, brasileiros, alemaes, japoneses, chineses, africanos, malaios e esquimos. E tem lazer, viu? Munique para na oktoberfest, EUA tem paradas pra tudo quanto ha, quase todo mes e assim vai.

4) Este ponto eh a continuacao da minha observacao final no item 2: tenho duvidas se precisamos deste desenvolvimento todo. Mas quis colocar em outro item para explicar melhor e dar mais importancia. O mundo, do jeito que esta sendo formatado tem criado uma distancia cada vez maior entre tecnologia e ser humano. Quero dizer que o desenvolvimento tecnologico esta super avancado (a ponto de termos robots de companhia no japao, construidos com sua feicao se voce quiser) e muito, mas muito atrasado "espiritualmente" - por favor, entendam o sentido nao-religioso). Pra nao dizer estagnado. Sou contra o desenvolvimento? Nunca! Mas acho que ta na hora de selecionar, mundialmente, as areas em que o investimento deve continuar. E que o motivador nao seja a ganancia. Utopico, como sempre.

5) a ultima: muitos servidores publicos trabalham e querem trabalhar. Mas essa maquina do governo me parece burra.

Agoras algumas questoes pessoais:

Zoon, te convido a ir desfilar na mangueira comigo no ano que vem. Desculpe a honestidade, mas esta eh a melhor parte em se ter amigos verdadeiros. Ja houve outros posts em que achei tambem que voce tinha entrado num castelo (como disse Peri). E Brasilia pode fazer isso conosco. Conheco Brasilia tambem, e sei bem da periferia. Mas o plano piloto eh um lugar que nao existe. Muitas vezes levei o Gab ao Gama porque tinha receio dele achar que o BRasil inteiro fosse como o plano. E, te conhecendo, e conhecendo sua dedicacao e sua ppreocupacao legitima e generosa por um mundo melhor, eh que sei da sua preocupacao com o desenvolvimento do pais. Mas este povo eh e merece mais que isso. Nao existe um monte de gente "vivendo uma fantasia sem fim". Existe um monte de gente ralando pra caralho e aproveitando um pouco a vida, muito pouco ainda, pra conseguir seguir em frente e porque quer ser feliz.

Peri, quantos aos preconceitos a povos especificos (cariocas, americanos), apesar de ter sentido um preconceito e ressentimento contra os brasileiros por parte do Zoon, to achando que isso foi mais egos que realidade. Coisas de meninos. A proposito, nao vai comentar o texto que lhe mandei por email?

Fiquei em duvida sobre como encerrar este post, mas sabia que com alguma musica do Chico Buarque. Nao sabia se "Deus lhe pague" ou "Meu caro amigo". Resolvi colocar as duas.

Sinto falta de voces e continuo sem acentos no teclado. Acho que pra sempre.

Meu caro Amigo (Chico Buarque)

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão


Deus lhe pague (Chico Buarque)

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague

domingo, 8 de março de 2009

mea culpa, mea maxima culpa

(em resposta ao comentário de Péricles ao post anterior)

Péricles, meu post anterior foi mesmo infeliz.

Talvez porque eu não tenha me permitido ter lazer nos últimos 10 anos, praticamente só estudando e trabalhando (aliás, os feriados de Carnaval são ótimos para intensificar estudos).

Talvez porque sei o quanto custou para mim e minha família - em termos de tempo, dinheiro e lazer - sair de uma vila na periferia e conseguir uma vida "classe média" (bem média, diga-se de passagem).

Talvez porque Brasília seja um paraíso no meio do Cerrado, e daqui seja impossível ver o que se passa na "realidade", como se a única realidade fosse a dos estados (fui irônico agora, tá?).

Talvez porque tenha escrito o post in a rush sacrificando minha hora de almoço...

É justamente por acreditar que há muitas realidades e que as pessoas escolhem o que querem viver que escrevi o post abaixo.

E sabe qual o problema de Brasília? Fica longe de tudo, e ninguém sabe o que se passa por aqui. Por conta de muitos deputados corruptos que não são de Brasília - eleitos pelos estados, disso ninguém lembra! - assume-se que aqui nada funciona, que os funcionários são vagabundos e todos ganham um monte de dinheiro sem esforço. Viver em Brasília é viver refém do preconceito. Nem a Globo, que presta o serviço de manter o país culturalmente e linguisticamente coeso, retrata a cidade como ela realmente é. Quando aparece em novela, é para mostrar corrupção, como se as pessoas daqui não trabalhassem seriamente.

Se você, caro leitor, acha que funcionário fica à toa em Brasília e ganha muito dinheiro - boa relação "ócio-dividendos" -, convido-o para passar uns dias aqui. Se o Brasil ainda funciona um pouco e cresce um pouco, não é sozinho, é à custa de muito trabalho, e muito trabalho também dos servidores públicos federais. É daqui que saem programas de governo exemplares como médico da família, redistribuição de renda (bolsa-família, pronaf, prouni e uma miríade de outros), assistência ao pequeno agricultor, proteção do meio ambiente etc., etc. Esses programas são essenciais e custam muito trabalho, estudo e dedicação por parte dos servidores públicos e dos políticos sérios (sim, eles existem!). A execução dos programas, em razão da capilaridade e de ineficiências múltiplas, ainda é insuficiente para antender a demanda. Mas sou otimista e acho que o Brasil ainda pode ser rico um dia. Ou pelo menos remediado, já estaria de bom tamanho.

Brasília não é esse paraíso de riqueza que se imagina. A cidade está rodeada de favelas, a região do entorno é uma das mais violentas do país. Se a maior renda per capita do Brasil está aqui, a maior desigualdade também. Brasília é um retrato do Brasil, um microcosmo: um pé no primeiro mundo (representado pelas mansões hollywoodianas do Lago Sul), outro na miséria (facilmente visível na face enrugada do imigrante nordestino que mora ali embaixo do viaduto e que, com sorte, vira porteiro depois de algum tempo).

Talvez eu tenha mesmo me expressado muito mal, em um momento em que estou trabalhando e estudando muito, vendo esse monte de gente vivendo uma fantasia sem fim, um verdadeiro mergulho no ópio, o circo do pão-e-circo... Vale lembrar que o ópio e as ilusões não enchem barriga.

Em resumo, eu queria ter dito exatamente isto: a quantidade de lazer do brasileiro me parece despropocional com o trabalho que se tem que fazer em todos os setores, privado e público, para que o país deixe a condição de subdesenvolvimento.

Parece-me que poderíamos fazer mais se sacrificássemos um pouco do lazer. É como poupar hoje para usufruir amanhã (tudo bem, tem um pouco de moral do trabalho em meu discurso), mas não quero fazer uma apologia ao trabalho-sem-fim.

Quanto ao preconceito, Péricles, todos nós o temos. Somos todos preconceituosos. Os meus foram carnaval e futebol. Veja os seus (no seu comentário ao post anterior):

- "o camelô que apanha da polícia no Rio (você deve achá-lo um vagabundo)"

Se você acha que eu penso que alguém que vende CDs piratas para alimentar a família é vagabundo, precisa me conhecer melhor. Tenho muita consciência de como vive o brasileiro. E toda vez que viajo ao exterior (e não é para passear, é para construir), passo a conhecer melhor o Brasil. Vagabundo é o playboy da Barra que compra droga do morro e financia a violência. É o político que não trabalha e torra o dinheiro público. É o médico que sonega imposto (esse trabalha, mas só para ele, e não pensa no país).

- "fanáticos e competitivos e psicopatas como os norte-americanos, que saem a metralhar aglomerações"

Se você acha que os americanos são isso, sinto por você, Péricles. Você pecou na generalização assim como eu pequei em generalizar com relação ao Brasil e ao Rio. Como te conheço há décadas (como é bom poder dizer isso!), sei que você não pensa assim e entende que não são todos os americanos que têm esse comportamento. Reconheçamos nossas fraquezas ao nos expressar. A língua é uma barreira ao pensamento.

- "o paraíso dos funcionários públicos que não fazem nada (ou fazem muito... estrago!) com o dinheiro de todos nós"

Isso foi ofensivo.

Faço aqui meu mea culpa, mas não sem antes argumentar (o logos é a essência da vida intelectual).

Cá entre nós, Péricles, a gente precisava esquentar esse blog! Obrigado pelas críticas!

Grande abraço! (cadê nossa amiga?)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ineficiência

Não há dúvida de que tempo e dinheiro são preciosos no mundo atual. O que me surpreende é a capacidade de se ocupar tanto com futebol e carnaval (os cariocas que me perdoem) enquanto há tanta coisa para se fazer.

É melhor passar o ano todo juntando dinheiro para gastar com a fantasia de carnaval.
Ë melhor gastar horas a fio sambando na quadra da escola, preparando para o grande dia.
É melhor ver o Vasco, o Fluminense ou o Botafogo suando a camisa.
É melhor pagar pra ver o jogo.
É melhor fazer um esforço coletivo para a escola de samba ganhar.

Mas ruim mesmo é
- passar o ano juntando dinheiro para comprar livros
- gastar horas a fio em frente a um livro, na biblioteca, preparando para o grande concurso
- suar a camisa no trabalho
- pagar para sua qualificação profissional
- fazer um esforço coletivo para melhorar as ruas do bairro

Enquanto o brasileiro-padrão samba e torce, o japa, o chinês e o alemão trabalham, estudam e ficam ricos.

É Goooooooool!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ao que interessa

Mirla é eliminada do Big Brother. Pesquisa alerta para o risco de bactérias no ar condicionado. Médico proíbe Hugo Chávez de discursar por três dias, devido a infecção na garganta. PMDB e PT disputam bilhões de fundo de pensão. Passageiros de transatlântico ficaram dois dias sem água e luz em alto mar. Exame pericial confirma: brasileira na Suíça tem problemas psiquiátricos. Explosão que matou três peritos está ligada ao tráfico de drogas promovido pelas Farc na Amazônia. Bispo que negou holocausto defende nova invasão à Faixa de Gaza. Família de Sérgio Naya herda processos dos moradores do Palace II. Adriana Luriko Kamada Ribeiro é eleita prefeita de Amarante do Maranhão. Ao inaugurar obra em Macapá, Dilma Rousseff afirma que o chefe da Casa Civil tem que ir aonde o povo está. Magistrados em campanha por aumento de salário. Presidente do STF avisa que Lula pode ser processado por conivência com crimes dos sem-terra. Quem lê tanta notícia? Vamos ao que realmente interessa: Botafogo é campeão da Taça Guanabara!

O resto fica pra amanhã...