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quinta-feira, 5 de março de 2009

Ineficiência

Não há dúvida de que tempo e dinheiro são preciosos no mundo atual. O que me surpreende é a capacidade de se ocupar tanto com futebol e carnaval (os cariocas que me perdoem) enquanto há tanta coisa para se fazer.

É melhor passar o ano todo juntando dinheiro para gastar com a fantasia de carnaval.
Ë melhor gastar horas a fio sambando na quadra da escola, preparando para o grande dia.
É melhor ver o Vasco, o Fluminense ou o Botafogo suando a camisa.
É melhor pagar pra ver o jogo.
É melhor fazer um esforço coletivo para a escola de samba ganhar.

Mas ruim mesmo é
- passar o ano juntando dinheiro para comprar livros
- gastar horas a fio em frente a um livro, na biblioteca, preparando para o grande concurso
- suar a camisa no trabalho
- pagar para sua qualificação profissional
- fazer um esforço coletivo para melhorar as ruas do bairro

Enquanto o brasileiro-padrão samba e torce, o japa, o chinês e o alemão trabalham, estudam e ficam ricos.

É Goooooooool!

Um comentário:

Péricles Peri disse...

que escrito mais infeliz, Zoon.

Tentei enxergar alguma ironia às avessas, mas não consegui.

Primeiro, o preconceito com o carioca, ou o "brasileiro típico". As aparências enganam: o carioca é um dos povos que mais trabalham no Brasil — se é que isso é possível medir, e se é que importa.

Quer dizer o quê? O sujeito tem que se matar a vida inteira pra ganhar um salário que mal dá pra pagar as contas (incluindo plano de saúde e escola particular), e não tem direito a sambar e ver um jogo de futebol? Que filosofia de "moral do trabalho" você anda freqüentando? "O trabalho enobrece"? Ora, faça-me o favor: vá perguntar a funcionários de minas de carvão, bóias-frias de canaviais, ao camelô que apanha da polícia no Rio (você deve achá-lo um vagabundo)...

Entre leituras, samba e futebol, não podemos ficar com os três? Eu fico, com prazer. A questão é essa. Trabalha, trabalho, trabalho... vamos lá! Mas e o prazer?

Se tem uma coisa boa em ser brasileiro é que aqui sabemos (ou intuimos, não importa: vivenciamos) que a vida não é só trabalho. Não somos fanáticos e competitivos e psicopatas como os norte-americanos, que saem a metralhar aglomerações quando sofrem a suprema humilhação do desemprego.

Se sua preocupação é meramente econômica (o que não ameniza o ranço amargo do discurso), saiba que o carnaval e o futebol também geram recursos, turismo, emprego e essa ladainha tecnocrática em voga hoje em dia.

Mas me preocupa mesmo é pensar que o ambiente de Brasília anda te fazendo mal. Sei não, mas se tem um lugar onde a relação ócio-dividendos é a mais injusta e abismal do Brasil, é Brasília. A maior renda per capita do país, e o paraíso dos funcionários públicos que não fazem nada (ou fazem muito... estrago!) com o dinheiro de todos nós, pobres brasileiros que trabalhamos muito e ainda somos criticados por ir ao samba!

Em que castelo você se enfiou, meu amigo? Que tal olhar o mundo real?